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Construída pela população negra, demolida pelo preconceito: a história da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, símbolo de resistência do povo preto em Divinópolis
20 de November de 2024
Construída por volta de 1850, mas concluída três décadas depois, a capela desempenhou um papel central nas celebrações culturais e religiosas da comunidade afrodescendente da região.
No entanto, em 1957, foi demolida para dar lugar ao espaço que abriga o Mercado Central.
Hoje, há uma réplica entre o mercado e a antiga Delegacia Regional.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi construída em 1958 APM/Vilton Gonçalves Teixeira/Divulgação No Dia da Consciência Negra, o g1 resgata a história da antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Divinópolis, que reflete a luta, a fé e a resistência da população afrodescendente da cidade.
A reportagem conversou com o historiador Welber Tonhá Silva, que compartilhou o olhar histórico sobre o templo. 🔔 Receba no WhatsApp as notícias do Centro-Oeste de MG Construída a partir de 1850 e concluída 31 anos depois, a capela tornou-se um importante centro de celebrações culturais e religiosas, como as festas de Reinado, marcadas pelo protagonismo das comunidades negras locais. "Justamente por isso ficou conhecida como a 'igreja dos pretos', por ter sido frequentada pela maioria de fiéis negros.
O longo período para a construção do local se deve às condições da época e à falta de recursos financeiros.
A comunidade se mobilizou com arrecadações, doações de animais como vacas e bois, além de eventos para angariar fundos". A igreja ficava onde hoje está o Mercado Central, ao lado de um cemitério.
Ambos foram demolidos em 1957.
Conforme o historiador, a demolição foi motivada por uma combinação de preconceito racial e alegações de modernização urbana.
A primeira imagem mostra como era a Capela; já a segunda imagem mostra a réplica da capela Initial plugin text "A obra foi essencialmente popular e contou com o trabalho de muitos escravizados, o que torna a demolição um marco simbólico de desrespeito à história e às contribuições culturais e religiosas afrodescendentes na cidade", destacou. Embora não haja documentos que comprovem oficialmente, Welber acredita que houve pressão de famílias influentes e lideranças políticas para retirar a igreja da região central de Divinópolis. "A justificativa formal era a necessidade de desenvolvimento e expansão da cidade, mas, na prática, o preconceito contra a movimentação e os encontros da população afrodescendente no local foi determinante.
A decisão gerou forte revolta pelo impacto cultural e histórico da destruição", explicou. O historiador enfatiza que esses eventos representam "dívidas históricas impagáveis". "Demolir uma igreja construída em três décadas fere a cultura, destrói a história.
A transferência dos corpos ao novo cemitério foi algo desumano, que historicamente fere a dignidade humana", pontuou. Réplica da igreja Na década de 1980, como forma de preservar parte desse legado, foi construída uma réplica da igreja, localizada entre o mercado e a antiga Delegacia Regional.
A iniciativa partiu de Vinícius Raimundo Peçanha, renomado pesquisador, folclorista, defensor cultural e membro imortal da Academia Divinopolitana de Letras. "A réplica existe para que não esqueçamos o quanto o ser humano já destruiu histórias sociais.
Ela também se tornou um símbolo de resistência cultural e religiosa de uma população que encontrou na fé e na tradição um refúgio diante das adversidades.
Celebrar essa memória no Dia da Consciência Negra é honrar aqueles que fizeram de Divinópolis um exemplo de diversidade e perseverança", concluiu Welber. Dia da Consciência Negra: Divinópolis tem programação especial gratuita com shows e exposições Cachoeira do Caixão: conheça a origem do nome fúnebre dado ao ponto turístico de Divinópolis 📲 Siga o g1 Centro-Oeste MG no Instagram, Facebook e X VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas .